UMA JORNADA SOLITÁRIA #SQN
- Ale Ribeiro

- 21 de mar. de 2022
- 3 min de leitura

Você se preparou muito para chegar lá, mas mesmo assim, o baque foi grande. Da noite para o dia a posição de líder te transformou em um “espanta bolinho” e o pior: nenhum livro sobre liderança te contou isso.
Olhando para os principais desafios que as lideranças enfrentam no mundo todo, que vão além das capacidades técnicas, emocionais e de entrega, o mito da solidão tem arrancado a força vital e o sono dessa galera, tornando cada vez mais evidente a importância do seu papel nesse caminho de integração.
Aqueles que negam isso, no fundo, estão negando a si mesmos, pois esse processo também é parte importante para o conhecimento interior. Quando refletimos sobre isso, percebemos, muitas vezes, o quanto acreditamos que a integridade e sucesso da liderança depende da vida solitária.
E é muito louco lembrar como essa coisa é ambivalente, uma vez que é essencial, para as lideranças, incentivar a diversidade, a dinâmica ganha-ganha, o compartilhamento de valores, a colaboração e um propósito que torne a equipe “faca na caveira”. Algo que só pode acontecer quando fortalecemos nossos compromissos, através das relações.
Mas tudo bem, afinal a gente ouve muita gente falando sobre esse tal caminho de isolamento e introspecção em direção ao autoconhecimento. O grande problema, meu amigo e minha amiga, é que essa jornada de investigar e entender a si mesmo dura a vida toda.
O grande conflito aqui é que não somos seres insociáveis, aliás, ouso dizer que não existe caminho de autoconhecimento e nem de autodesenvolvimento sem a companhia das outras pessoas. Seguir essa peregrinação em direção ao profundo isolamento - ao íntimo - não nos permite olhar as coisas corriqueiras e, muitas vezes, reconhecer questões comuns ou até mesmo opostas às pessoas ao nosso redor e isso é...UAU!
Preparar-se para uma jornada solitária parece muito estranho quando buscamos cada vez mais romper barreiras, cultivar diálogos, colaboração, difusão livre e sem julgamento de ideias que sejam inspiradoras e tragam incontáveis benefícios para nós mesmos, para as outras pessoas e também para as organizações.
O fato é que boa parte do dia a dia da liderança é recheado de jornadas solitárias, buscando resolver problemas. No final das contas, a realidade é que todo mundo tem problemas, então, liderar é compreender que cada um de nós tem limites diferentes, dilemas, facilidades e dificuldades específicas e que esse pode ser o mapa da mina de ouro para melhorar a comunicação e confiança, além de ampliar vínculos duradouros e mais humanizadas.
Não dá para sair da caixinha em um ambiente sem confiança nem conexões profundas. Aposte em compartilhar suas dores, seus medos e erros antes da bomba explodir. Pequenas atitudes podem funcionar como ações preventivas e a tempestade pode ficar só no copo d’água.
A dependência e o desejo por essa solidão podem até ser bem-intencionados, sem dúvidas, mas será que é esse mesmo o final feliz dessa história sobre liderança? Ou seja: tomar cuidado para manter certa distância das equipes, trancar-se em um mundo ilusório dentro de nós mesmos e molhar a fronha com as nossas incertezas.
Deixar essa miséria da liderança solitária de lado e preencher esse espaço com grandes histórias, um time envolvido, que aprende, se motiva e se inspira lado a lado ainda é a estratégia mais segura e sustentável.
A verdade é que buscamos [sempre] o encontro conosco e também com as outras pessoas. Faz parte do nosso cotidiano, é natural, é saudável e é humano. O autoconhecimento coerente, a autoavaliação sincera, o reconhecimento daquilo que é bom em nós - e daquilo que nem tanto – são colocados em prática através desses encontros.
Da minha parte, posso garantir que as coisas só podem melhorar e mudar, quando reconhecermos que olhar para o nosso umbigo é ponto de partida e não fim.






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