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E DAÍ?

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Empresas no mundo inteiro estão encerrando seus programas de diversidade. Confesso que essa notícia, em outro contexto, me deixaria feliz, mas não creio que o mundo esteja preparado para dar esse passo.

 

Lembro bem do meu primeiro treinamento sobre vieses inconscientes, há alguns bons anos. Éramos uma das primeiras turmas na empresa a receber esse tipo de treinamento e uma pessoa participante disparou sem medo: “Esse treinamento é mesmo necessário? Não vejo preconceito aqui.” A facilitadora respondeu com fatos e dados, que iam desde o experimento psicológico realizado com crianças no século passado - o famoso “teste da boneca” - até a escalada alarmante da violência contra mulheres no Brasil e no mundo.

 

Ou seja, seria ótimo não precisar abordar esse assunto, mas por enquanto é.

 

No ano passado, eu participei do workshop “Writing to Heal From Patriarchy”, (Escrevendo para se curar do Patriarcado, em tradução livre) com a Escritora e Coach Nisha Mody, no qual as pessoas foram convidadas a refletirem sobre como o patriarcado vem ferindo a nossa sociedade, independentemente de seu sexo biológico. Falta de limites, competição excessiva, desrespeito aos sentimentos da pessoa e atitudes destrutivas justificadas por “ser homem” são somente algumas dessas formas.

 

Eu mesma sofri recentemente esse tipo de violência dentro da minha própria família. Busquei apoio das autoridades para inibir os ataques, mas o agressor não se acanhou e continuou com ameaças e intimidações. Mesmo expondo o quanto me sentia com medo, desrespeitada e insegura por essa situação, tive que ouvir um impiedoso “E daí?” de outro homem da família, deixando claro que a minha segurança e meu bem-estar não significavam muita coisa diante da pretensa “reputação” do agressor.

 

Quantos “E daí?” mulheres e outros grupos minorizados ainda precisarão ouvir até que possam ser respeitadas e respeitados?

É obvio que abordar a diversidade não é papel exclusivo das empresas, mas é fato que elas contribuem de forma especial - e essencial - para um esforço coletivo em favor da redução das desigualdades dentro e fora das organizações.  


Oremos.

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